20/09/2008
CONSTRUTORES DE CABEÇAS
A natureza se vinga,
gesta o vento de cem mil pés,
arrasta duas mil cidades por segundo
A onda gigante come as pernas e os braços dos continentes
E aquele que apodrece o céu, o mar e a terra
clama inocência
Caixões feitos de dinheiro
cobrem os vastos campos
Minhas lágrimas não irão secar
junto com as nascentes
Tempo de desespero de planetas e homens,
o tiro saiu pela culatra,
nada tem detido a avalanche,
nem deuses, nem internautas
Sou poeta, homem de fé inquebrável,
cavalheiro de infinita esperança
Como Bob Dylan e outros construtores de cabeças
ergo taças de sangue
atirando dardos de coragem
aos que estão perdendo a batalha
O poeta príncipe de metal
acorrenta os cães
dos dentes de estricnina a sua cintura,
arranca do pâncreas das águas o tumor
Ele, o Rei de marfim, sustenta congressos de sóis
nos corredores do intenso
e espalha especiarias orgânicas
dizendo aos seus irmãos que façam o mesmo
Orquídeas imensuráveis precipitam-se
dos furos das pedras e das cavidades vermelhas
alargando pétalas sobre os corpos
das estrelas que esqueceram que são estrelas
(Edu Planchêz)
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