31/10/2008

OBS: texto tirado do blog de GUSTAVO FERREIRA

Tico Santa Cruz: o mascote do Viva Rico.

Há algum tempo comento a respeito do movimento Viva Rio que na verdade leia-se Viva Rico e agora encontrei um mascote deste movimento que é o vocalista da banda Detonautas, chamado Tico Santa Cruz. O jovem Tico que é aclamado por outros jovens que lotam os seus shows musicais, se revoltou a partir do dia que um integrante da sua banda, lamentavelmente, foi assassinado por bandidos que tentaram levar seu carro.

A partir do ocorrido, Tico Santa Cruz começou a manifestar indignação diante da violência nas grandes cidades do Brasil. Gritou, chorou, esperneou e até no Congresso foi para reclamar. Confesso que no início achei importante a revolta de Tico, mas no decorrer do tempo percebi que quando tinha a palavra não tocava na questão central: a desigualdade social no Brasil.

Para criar mais repugnância com o Tico Santa Cruz, num belo dia, passando pelos canais vejo um programa na GNT de uma designer/arquiteta que aconselha pessoas que possuem mansões. Neste dia havia duas dondocas meditando sabiamente onde seria colocado um quadro na sua sala imensa (que provavelmente corresponde ao meu apartamento), quando surge o protagonista deste artigo - pensei que haveria um protesto contra a ostentação do dinheiro naquela mansão, pois afinal o Tico se tornou um revoltado, tatuado e cabeludo – porém não houve nada disso. Não? Por quê?. Porque ele é o proprietário da mansão e a designer estava aconselhando a sua esposa.

Bom está aí o mascote do Viva Rico. Não quero desmerecer a causa que defende pelo fato de ser rico. Só não admito que continuem levantando bandeiras com ideologias (por trás) que não condiz com a verdade. Enfim, mais um exemplo de que as classes mais altas do Brasil acreditam que a violência está associada a cultura do agente violento, não aceitando que a violência é um reflexo da desigualdade social no país.

Postado por
GUSTAVO FERREIRA

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4 comentários

Carlos disse...
Isso vai dar merda!!!rs

12 de Agosto de 2008 16:51
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Anônimo disse...
Comentário sensacional, todo mundo gosta de ficar puxando o saco do Tico Sta Cruz

12 de Setembro de 2008 10:45

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Anônimo disse...
O fato é que ninguém poderá ter uma visão completa do ideal na política. Alguém muito pobre só defenderia a distribuição da renda, sem reforma cultura, psicológica. Os de renda alta(que seria o caso do Tico) defenderiam a reforma humana, de coisas abstratas.O de classe média defenderia a vida boa, a não-violência. Porque o problema do pobre é a miséria, da classe média a limitação e da classe alta os problemas psicológicos.

Não vejo mau em deixar o cara fazer o melhor dele.

30 de Outubro de 2008 15:51
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EDU PLANCHÊZ disse...
Tudo que o Tico conquistou, é fruto de seu trabalho, do sucesso mais que merecido. Não vejo nada demais a pessoa ser bem sucedida, morar numa casa grande e bonita, ter conforto. Convivo com Tico, sei que ele é uma pessoa profundamente responsável, pleno, justo e consciente de seu papel de cidadão pai de família. Ele apenas apoia o movimento "VIVA RIO" porque esse movimento luta pelos direitos das pessoas. Tico é o máximo, pessoa excelente, quizera que todas as pessoas desse pais tivessem o carater que ele tem. E daí que tinha um designer no "palácio" do Tico vendo onde ficaria melhor um quadro? Bobagem! Isso é inveja. O sucesso está alcance de todos; não é pq pessoa nasceu num estado de miséria que deva pela eternidade ficar assim. "O que está fora é reflexo do que está dentro." A filosofia de vida que pratico, me diz que com a mudança interior de uma pessoa, automaticamente muda-se o exterior. Dá pra enteder? A miséria maior reside no interior, vive na merda quem se indentifica com ela. Quem quizer crescer que trabalhe, estude, faça de seus sonhos projetos e jamáis desista. Antes de fazer sucesso, o "Detonautas" esteve por mais de dez anos no anônimato sem ganhar um único centavo. Mas eles nunca desistiram, lutaram e lutam, são pessoas vitoriosas. Parece que no Brasil os vitoriosos são alienigenas, que devem ser apedrejados. É vitorioso quem acredita na vitória, e ser vitorioso também é ganhar dinheiro, morar bem, comer bem, viver sob todos os aspéctos com dignidade.

EDU PLANCHÊZ poeta cantor
( da Banda "BLAKE RIMBAUD", integrante do coletivo "VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA")

30 de Outubro de 2008 22:59

28/10/2008


Como é de conhecimento de muitos irmãos e irmãs de caminho, tenho viajado por todo esse país ao lado de meus companheiros "Voluntários da Pátria", levando o sol som da poesia e a reflexão para as pessoas dessa pátria intensa e carente. Com os artístas mais que humanos Tavinho Paes, Betina Kopp, Pedro Poeta, Igor Cotrim, Glad Azevedo e Tico Santa Cruz. Aqui nas entranhas da memória guardo o talhe de cada rosto, as faíscas dos olhares afetuosos dos amigos e amigas desse Brasil amoroso.
Pessoas de Brasília, Goiânia, Salvador, João Pessoa, Maceió, São Paulo, Guaianases, Lorena, Cruzeiro, Ribeirão Bonito, Campinas, Porto Alegre, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul, Itajaí, Novo Amburgo, Canôas, Tubarão, Ararangua, Joinvile, Nova Venesa, Itatiba, Barra Mansa, Volta Redonda, Niterói, Nova Iguaçu, Caxias, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Curitiba, Nova Friburgo, Mariporã... Pessoas âncoras do meu coração espacial. Queridas pessoas que de tudo fazem para nos levarem até suas universidades, as suas cidades...
Estamos vivendo uma revolução silenciosa. A verdadeira revolução quem está fazendo somos nós, humanos comuns empenhado nessa comunicação de coração para coração. Somos todos Voluntários da Pátria impregnados de sentimentos e solidariedade. É pela reflexão, pela canção, pela poesia, pelo olho no olho. À nós foi dada a missão, ou mesmo buscamos essa missão de puxar essa correnteza de espíritos agitados ou agitadores desejosos de uma nova civilização, de uma nova pátria mais justa, mais culta, mais humanizada. Apartidários, sem nenhuma empresa, ong ou qualquer organização financeira. Como disse em Barra Mansa, "o Voluntarios da Pátria é um acendedor de lampiões" e ao mesmo tempo um lampião sendo aceso pelo fósforo das pessoas. Cortando céus verdes amarelos, cruzando estradas multicromáticas, seguimos levando e buscando abraços. O debate, o diálogo, a absoluta educação... são bandeiras asteadas sob nossos sonhos e atitudes.
( continua)


EDU PLANCHÊZ


COMENTARIO de Arnaldo Jabour sobre o resultado das eleições no Rio de Janeiro.

22/10/2008


Mas é tanta beleza...

na perfeição dessa foto copacabana amanhecendo...

21/10/2008



EDU PLANCHÊZ DOS DELIRIOS de Nietzsche

19/10/2008



GLAD AZEVEDO canta "Pescador" de sua autoria na LAPA out 2008 por trás das lentes "EDU PLANCHÊZ"


EDU PLANCHÊZ entrevista Cadé Saraiva na Lapa/Rio de Janeiro

18/10/2008



EU e meus companheiros de vanguarda missão

16/10/2008










Diante da Lua cheia de Itatiba se apresentou o Voluntários da Pátria:
Betina Kopp, Igor Cotrin, Pedro Poeta, Tico Santa Cruz, Tavinho Paes, Glad Azevedo, Edu Planchêz e os Irmãos e Irmãs da cidade de Itatiba...
Que noite linda! Que noite!!!
A poesia da intensidade humana jorrou sobre os corpos almas
das pessoas lindas de meu coração.
Mais uma cidade, mais uma missão de encontrar pessoas para o diálogo de coração para coração.
"GENTE É QUALQUER COISA DIFERENTE DAS ESTRELAS",
Gente é o centro orgânico do meu doce ser. Adorei estar entre as pessoas, repartindo minha alma, repartindo a alma de meus companheiros de luta. Jamáis sairam de meu coração a lembrança daquela noite de absolouta lua cheia, lua essa que se refletirá para sempre nos olhos daquelas pessoas ensopadas de beleza.
"É AMOR O QUE EU SINTO."

PESSOAS DE ITATIBA,
BEIJOS DE OURO EM VOSSAS ALMAS.

MUITO OBRIGADO


EDU PLANCHÊZ

14/10/2008

O QUE VÍ DE MINHA JANELA CARIOCA NESSA MANHÃ...
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O COMANDANTE COMPANHEIRO VOLUNTÁRIO DA PÁTRIA TICO SANTA CRUZ no programa UnZ (canal BRASIL da Net)de nossa irmã Graça Motta...




ESSA LUA CHEIA DE OUTUBRO ESTEVE NA MINHA JANELA ESSA NOITE, SOB OS MEUS SIMPLES OLHOS, SOB AS LENTES DA MINHA MÁQUINA. ESSA É A LUA CARIOCA DE SANTA TERESA.

EDU PLANCHÊZ
DONIZETE PARANÁ composito, irmão de tantos anos. Em breve faremos ums shows juntos.
ARI DO CAVACO meu irmão de alma, grande poeta da Ala de Compositores da Portela
MINHA MULHER, Marilza Francisco

11/10/2008









Detonautas Roque Clube - Retorno de Saturno

Há algo de novo nos Detonautas. Os garotos tatuados que apareceram com o hit Quando o Sol Se For estão mais maduros, e talvez, isso não seja o efeito de alguns anos na estrada, e sim, o efeito da realidade.

Retorno de Saturno é o primeiro disco gravado pela banda depois da morte do guitarrista Rodrigo Neto, morto numa tentativa de assalto no Rio de Janeiro, em junho de 2006.

A primeira faixa, que dá nome ao disco, já mostra que a banda amadureceu melodicamente. Com um riff contagiante, a música tem tudo pra ser hit.

Na sequência, Nada é sempre igual, uma música que fala de amor, e Verdades do Mundo, faixa na qual Tico dialoga com o amigo perdido na guerra urbana do Rio, começando a música com o verso "Te encontro nas ruas, até de olhos fechados (...)".

O amor é o tema principal do disco, sendo discutido em todas as faixas. É da música Só Pelo Bem Querer um dos melhores, senão o melhor, verso do disco. "O amor é o desejo de encontrar alguém que viva sinceramente a liberdade de amar alguém só pelo bem querer".

Lógica é outra canção com cara de hit, que traz sintetizadores contagiantes no refrão e uma letra que questiona a lógica dos caminhos que cada um de nós seguimos mundo afora.

Tanto Faz e Soldado de Chumbo são duas das melhores músicas do álbum, esta última com um final divertido, apesar do último verso "eu não tenho mais vontade de te amar", seguido de aplausos.

O amor dá espaço ao ativismo político e social do grupo em duas faixas: "Enquanto houver, uma canção leve, com versos como "meu amor/ enquanto isso no Congresso/ eles roubam o país" ou "eles não querem o futuro da nação", e Eu Vou Vomitar em Você, na qual a base - e o refrão - da música Aa Uu Licença poética ou vontade de fazer a sua Aa Uu? Vai saber.

Apesar de mais sérios, a banda continua fazendo uma música facilmente abraçada pelo mercado, mas aposta também em canções mais difíceis, como é o caso de Ensaio Sobre a Cegueira - sim, nome do livro de José Saramago. A música tem aproximadamente oito minutos de duração e abre espaço para o poeta Edu Planchêz recitar uma de suas poesias, "Filhos da Morte Burra".

O time do Detonautas continua o mesmo: Fábio Brasil (bateria), Tchello (baixo) DJ Cleston (percussão, scratches e efeitos), Renato Rocha (violão e guitarras) e Tico Santa Cruz (violão e vocais). Mas definitivamente, há algo diferente no ar.

Apesar das composições de Tico Santa Cruz terem ganhando uma nova cara de uns tempos pra cá - as letras estão cada vez mais abstratas e sérias, chegando a ser levemente pessistas em alguns momentos - é um pouco pretensioso comparar seu atual trabalho com o de Renato Russo, como sugere o texto de apresentação do disco.

O clima de Retorno de Saturno é de melancolia e angústia, seja pelo que já aconteceu, pelo que não vai ser diferente, ou pelo que ainda vai acontecer. Algumas bandas descobrem o seu melhor depois de experiências trágicas. Pode-se dizer, que esse é o caso do Detonautas Roque Clube, que subiu dois degraus, de uma longa escadaria.



03/04/2008
Andréia Martins






As Coisas


Arnaldo Antunes e Gilberto Gil


As coisas têm peso, massa, volume, tamanho,
tempo, forma, cor, posição, textura, du-ração,
densidade, cheiro, valor, consistência,
pro-fundi-dade, contorno, temperatura,
função, aparência, preço, des-tino, idade, sentido.

As coisas não têm paz.


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GRAÇA MOTTA,
Que programa lindo, amei, continuo amando... Obrigado por te me convidado, noite insquecível. Como gostaria de fazer algo em UnZ, urrar um de meus poemas, outro poema, esse do arnaldo dentro de uma das cavernas do Parque lage rodeado de pessoas nuas pintadas dos pés a cabeça.

beijos EDU PLANCHÊZ


RESPOSTA:
vc é uma pessoa rara edu e eu te adoro tb de uma forma rara, sincera e cheia de gratidão por Deus ter te posto no meu caminho vc é uma lanterna sempre acesa e sempre iluminando o avesso do avesso do avesso que vem a ser o lado mais direito do certo... do belo do bom e do bem.todos os bjos e meu carinho e amizade pra sempre!

graça motta
( CINEÁSTA)



Graça,
com toda essa luz que falaste, tiro de minhas tuas entranhas o poema dos poemas para brindar essa intensa irmandade.Mais que ponte que atravessa o oceano da noite, é eu e vc rabiscando os caminhos que serão cinema, e o cinema primeiro acontece no dínamo da gente, para depois cobrir ou descobrir com lençois de luz os olhos dos mundos das pessoas. Que alegria poder ser testemunha e agente dessa explosão!

beijos filmes

EDU PLANCHÊZ


Resposta:

coisa + linda.guardei na retina e no lap; adoro vc mininu.

graça

..................


escreve isso em depoimento pro orkut!quero que todos leiam as coisas belas e sensiveis que o poeta escreveu como ninguém....quero que estas palavras raras sejam lidas, vistas, apreciadas e sobretudo introjetadas na alma de quem as vir.beijos e todo meu carinho. não canso de ler isso, tão liiiindo rs

GRAÇA MOTTA

.......................

Gracita, já postei em teus depoimentos orkut... tb tá no meu delicioso blog www.serpoetaounada.blospot.com veja tem muita coisa linda lá. à amo
Beijos

EDU PLANCHÊZ

10/10/2008

DAILOR VARELA






Andando pelo início da Avenida Nove de Julho até a Vila Ema, no Jardim Esplanada, em São José dos Campos, não será difícil passar em frente a uma infinidades de clínicas médicas que “tratam” das mais doenças.

Locais sofisticados com vidro fumê, atendentes bonitas e sorridentes que mais parecem trabalhar em charmosos clubes de lazer. Uma medicina para a bem sucedida elite que pode pagar altos preços, obviamente, ou possuidores de caros planos de saúde (um assunto que já deu muito o que falar). Enquanto isso, a espera de um bom atendimento, o povão enfrenta as filas intermináveis do SUS, ironicamente ainda considerando bom em São José.

Vá, por exemplo, ser atendido pelo SUS, no Rio de Janeiro, ai sim irá conhecer o inferno ao vivo e a cores.

Estamos falando da intocável e rica máfia de branco que comanda a medicina em São José dos Campos e no resto do país. Os médicos se transformaram em elegantes executivos, em prestadores de serviços, esqueceram o Juramento de Hipócrates nalguma lata de lixo.

Alguns cometeram e cometem terríveis erros e nada acontece, graças a lentidão da Justiça, onde as falhas acabam arquivadas, isso sem generalizar, há profissionais competentes. Em meio à desumanidade e o enorme mercantilismo, a figura do médico de família que atendia gerações desapareceu.

Noutro dia fui me consultar e o médico sequer me tocou, passou todo o tempo diante de um computador, para, em seguida, rapidamente me entregar uma receita que rasguei na saída. Ali não volto mais. O mesmo aconteceu com a minha filha, um certo ginecologista simplesmente atendeu-a de longe.

Formar-se em Medicina atualmente é fácil. As faculdades aí estão aos montes, brotam, comercialmente, nos mais longínquos rincões desse país, hoje em dia não dá mais um grande futuro formar-se médico no Brasil.

Conheço alguns jovens que se sacrificam muito, trabalham demasiadamente para obter uma renda mensal alta, são cruéis com eles próprios, imaginem conosco, com a população no geral.

Por absurdo que pareça, esses médicos condicionaram suas existências ao vil metal, querendo ganhar cada vez mais.

Já dizia Nelson Rodrigues, se alguma pessoa estiver com câncer e possuir recursos financeiros certamente conseguirá um tratamento, ainda que seja no exterior, e certamente sobreviverá. Já um miserável usuário do sistema público de saúde vai terminar perecendo da doença e da humilhação nas filas de espera.

A vida humana se transformou numa mercadoria apenas, e isso é algo considerado “normal” na sociedade em que vivemos. Ou não?

Leia mais Dailor Varela no jornal O Grito - São José dos Campos.

PARA ANUNCIAR LIGUE: (12)3027-8567/97334832/97884661 - j.ogrito@uol.com.br ENTREM NA NOSSA COMUNIDADE NO ORKUT: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=45831326

(*) Dailor Varela é jornalista


Não tem mais jeito. Já ficamos muito tempo na sombra morna da
amendoeira, nesse serão funcionalismo-público, no encosta-barriga. É
tempo de guerra aqui no Rio, e os motivos são tão óbvios que não
precisa dizer. Então, vamos fazer algo novo, pra frente. Agora a gente
tem que mudar mesmo. Agora, 'já é ou já era'.

Segue abaixo um pouquinho do Gabeira, pra gente levar esse homem à
vitória no segundo turno:

Você anda na rua e qualquer pessoa te diz: 'É, o Gabeira é honesto'.
Muitos que dizem não vão votar nele, mas todos são unânimes no quesito
honestidade/caráter do Gabeira. De começo, já é tudo que a gente
precisa.

- Vai reformular o sistema de transporte, se baseando no
modelo de Curitiba, que dispensa comentário. Além disso: metrô,
bicicleta e re-licitação das malditas linhas de ônibus.

- É o único candidato que em seu programa assina o compromisso
de não lotear cargos da prefeitura com indicações políticas. Está no
programa de governo. Nenhum outro fez isso.

- Único candidato que se comprometeu a não poluir a cidade com
cartazes, e não poluiu. Pagou um preço por isso - a publicidade é
realmente tudo nesse jogo -, mas não se vê um pobre diabo na rua
vigiando placa de candidato. Detalhe: essa galera ganha R$ 10 por dia
pra fazer isso.

- Prometeu não falar mal dos seus adversários e não falou.

- Suas propostas na área de saúde foram escolhidas como as
melhores por especialistas da área médica, segundo pesquisa do jornal
O Globo.

- Único candidato que aborda o problema da segurança desde o
centro de poder. Ele falou que uma parte da Câmara de Vereadores, na
verdade, é de matadores. Quem mais teve esse peito?

- Gabeira fala de desfavelização - assunto impopular e em que
nenhum candidato ousa tocar, sob pena de perder curral eleitoral.
Gente boa que mora na favela não queria morar lá.

- Como é de costume, é o único candidato que, se afastando do
discurso demagogo, assume o compromisso de trazer a iniciativa privada
para fazer parcerias com a prefeitura. Gabeira é lúcido, soube
atualizar-se ideologicamente. A prefeitura sozinha não movimenta as
reformas profundíssimas de que o Rio precisa. E as empresas precisam
fazer sua parte também. Em São Paulo isso já acontece. Parceria e zero
hipocrisia.

- Apesar de passar para o eleitorado menos informado uma
postura pacata (alguns o acham 'devagar', sem pulso), Gabeira tem um
histórico de ação, de combate e coragem. Educadamente, lutou contra o
regime militar, educadamente foi metralhado e preso. Liderou o
movimento que derrubou o deputado Severino Cavalcanti, quando fez,
educadamente, discursos incríveis. E, importantíssimo: é o único
político que toca no PMDB, esse monstro imenso, origem de quase toda
merda que a gente atura na política brasileira.

Agora, só para os fãs do Caetano, uma palavrinha:

'Que diabo é isso de dizer que Gabeira é'Zona Sul'? Gabeira é
mineiro, jornalista, foi revolucionário exilado, trabalhou como
motorneiro de metrô em Estocolmo. E é o homem que representa o que o
Rio deve dizer que quer agora: dignidade. Ele tem a ver com um futuro
bacana que os cariocas não podem jogar fora. Tudo a ver com a coragem
de enfrentar os corruptos do Planalto - no legislativo e no executivo
- e nada a ver com esse folclore de drogas: eu odeio maconha e vou
votar nele.' Caetano, do seu blog 'Obra em Progresso'.

'Nós, eleitores cariocas temos de nos encontrar em torno do nome de
FERNANDO GABEIRA. É isso aí: GABEIRA para Prefeito do Rio deve
tornar-se a decisão das pessoas lúcidas e honradas dessa cidade, vivam
elas no Complexo do Alemão ou na Gávea, na Barra ou em Parada de
Lucas, em Santa Teresa ou no Vidigal, na Ilha do Governador ou no
Leblon.

GABEIRA: não podemos perder essa oportunidade de dizer algo nítido.

ACORDA, RIO DE JANEIRO, AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS ESTÃO AÍ.'

Caetano, do seu blog 'Obra em Progresso'


Bom link:

[1]http://gabeira.com/gabeira43/?p=604
A gente tem que voltar a ser o que desde a década de 60 deixou de
ser: a melhor cidade da América do Sul (como no verso de Caê).

Vamos embora, é Gabeira!

Vista da minha janela, Santa Teresa, Rio de Janeiro...


Acordei e disse "abra-te Janela" e a janela + q cortês foi se abrindo em nome do novo dia e em nome de Fabrine que conheci em Criciúma. Um belo dia, uma bela mulher, um belo horizonte a nossa espera.
Nesse momento assumo minha identidade de ser espelho e reflito em mim todos os rostos e o rosto de Fabrine porque ela é uma mulher que ama sem restrições, e eu à amo porque ela é mulher, e ser mulher é ser a Terra inteira e as outras milhões de Terras que giram por dentro de nosso eterno sangue .
No centro raiado de nossas veias é festa.
Mulher manhã, aceite um beijo.

EDU PLANCHÊZ

08/10/2008




Alô!!! Aqui quem fala é Brasil Barreto, o gavião escriba da Penha!!!
Tô na casa do Edu Planchêz, diante do tempo nublado e das lebres azuis gemadas.
O Amor é lindo!!! Quando eu orgasmizava você, toda vizinhança ouvia...
Entanto continuo a recordar os nossos delírios suburbanos, que era um secreto tesouro que guardávamos dos curiosos olhos de Argus, que sempre tentava direcionar seus rancores e seus preconceitos sem medidas, desprovidos de razões coerentes.
Aprendemos a fazer as trocas necessárias, agora, recomeçamos das cinzas nesse renascer contínuo, que ilumina toda a estrada estendida a nossa frente, avante a caminhada se faz presente. Enquanto passeamos com as lembraças da madrugada passada, que onda era aquela que batia no paredão inúmeras vezes, trazendo a meresia e o sal sobre nossas peles? Enquanto percebia o palpitar do meu coração, olhava em seus olhos que agora estavam tranquilos e felizes. Então sorrimos daquele cara que não tinha apreço pelas nossas vidas, onde desatava um colar de asneiras e babagens,
sem buscar fundamentos algum em sua rasa compreenção, de suas palavras sem sentido, mas quem sabe algum dia, ele venha se encontrar como nós que acabamos de observar o voo da ave marinha, que todos os dias vem celebrar esse nascer de sol.


BRASIL BARRETO

( sob os olhares do injusto e frio Edu Planchêz)

em oito de outubro do ano de dois mil e oito
na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no bairro de Santa Teresa... lua...

06/10/2008




ANOS 80

Um dia em Jacerepaguá,
no Sítio Pastoral,
numa manhã após o aniversário de meu pai poeta professor Flávio Nascimento( ficamos a noite toda festejando até todos ficarem esgotados e resolverem dormir no assoalho da sala e pela grama do quintal) após um café magnânimo decidimos subir um dos morros que ficava lá pelas cercanias, para pegar mangas e fumar maconha enrolada em folha de manga mesmo. Eu Irael Luziano, Virgilio e mais alguns loucos... pulamos umas cercas de arame farpado, e começamos a escalar as mangueiras que estavam pintadas de mangas. Chupamos mangas e fumamos diamba... um balançava a árvore, o outro corria atrás da fruta que rolava feito tatu no cio pela ribanceira extrema. E lá pelas tantas, doidos de tudo, lambusados de manga até os cabelos, até os pentelho... começamos a cantar "Hare Mango! Hare Mango! Hare Mango..." num delírio tão intenso, mas tão intenso que resolvemos subir o morro melecados de manga cantando sem parar o mantra frutífero. Ao chegarmos no cume da "montanha" para nossa grande surpresa, de presente ganhamos a visão grandiosa do Recreio dos Bandeirantes e da Barra da Tijuca. O mar lá em baixo escancarado para o nosso supremo deleite...
Repito aqui a máxima de Pablo Neruda: "Confeso que vivi..."
Óh vida!!! Villa Lôbos!!! Villa Lôbos!!! Irmão de tantas vísceras,
aqui estou repleto de faróis perfumados,
pronto para presentear o planeta
com o supra-sumo dos meus amores abraços sentimentos.


EDU PLANCHÊZ

05/10/2008






A ARTE POÉTICA
( Horácio)

[...]

As ações ou se representam em cena ou se narram. Quando recebidas pelos ouvidos, causam emoção mais fraca do que quando, apresentadas à fidelidade dos olhos, o espectador mesmo as testemunha; contudo, não se mostrem em cena ações que convém se passem dentro e furtem-se muitas aos olhos, para as relatar logo mais uma testemunha eloqüente. Não vá Medéia trucidar os filhos à vista do público; nem o abominável Atreu cozer vísceras humanas, nem se transmudará Procne em ave ou Cadmo em serpente diante de todos. Descreio e abomino tudo que for mostrado assim.

Para ser reclamada e voltar à cena, não deve uma peça ficar aquém nem ir além do quinto ato; nem se empenhe em falar uma quarta personagem. Que o coro desempenhe uma parte na ação e um papel pessoal; não fique cantando entre os atos matéria que não condiga com o assunto, nem se ligue a ele estreitamente. Cabe-lhe apoiar os bons, dar conselhos amigos, moderar as iras, amar aos que se arreceiam de errar; louve os pratos da mesa frugal, bem como a justiça salutar, as leis, a paz de portas abertas; guarde os segredos confiados a ele, ore aos deuses, peça que a Fortuna volte aos infelizes e abandone os soberbos. (...)

Princípio e fonte da arte de escrever é o bom senso. Os escritores socráticos poderão indicar as idéias; obtida a matéria, as palavras seguirão espontaneamente. Quem aprendeu os seus deveres para com a pátria e para como os amigos, com que amor devemos amar o pai, o irmão, o hóspede, qual a obrigação dum senador, qual a dum juiz, qual o papel do general mandado à guerra, esse sabe com segurança dar a cada personagem a conveniente caracterização. Eu o aconselharei a, como imitador ensinado, observar o modelo da vida e dos caracteres e daí colher uma linguagem vivia. Uma peça abrilhantada pelas verdades gerais e pela correta descrição dos caracteres, porém de nenhuma beleza, sem peso nem arte, por vezes deleita mais fortemente o público e o retém melhor do que versos pobres de assunto e bagatelas maviosas. (...)

Os poetas desejam ou se úteis, ou deleitar, ou dizer coisas ao mesmo tempo agradáveis e proveitosas para a vida. O que quer que se preceitue, seja breve, para que, numa expressão concisa, o recolham docilmente os espíritos e fielmente o guardem; dum peito já cheio extravasa tudo que é supérfluo. Não se distanciem da realidade as ficções que visam ao prazer; não pretenda a fábula que se creia tudo quanto ela invente, nem extraia vivo do estômago da Lâmia um menino que ela tinha almoçado. As centúrias dos quarentões recusam as peças sem utilidade; os Ramnes passam adiante, desdenhando as sensaborias. Arrebata todos os sufrágios quem mistura o útil e o agradável, deleitando e ao mesmo tempo instruindo o leitor; esse livro, sim, rende lucros aos Sósias; esse transpõe os mares e dilata a longa permanência do escritor de nomeada.

[...]
HORÁCIO



- 3


Parte 1-
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"Eis que a partir daí eu me banhei no Poema
Do Mar que, latescente e infuso de astros..."
(Rimbaud)


COMO ENTREI PARA O ROCK



Caiu em minhas ásperas delicadas mãos uma biografia intitulada "Daqui ninguém sai vivo", porra, era a biografia do sáurio Jim Morrison e eu ali faminto, cheio de sede querendo gerar algo melhor que uma punheta, uma buceta e um baseado. Fui lendo aquela história, aquela vida entrando em mim, dizendo que deveria cantar porque Jim Morrison era um vagabundo que nem eu e não sabia sequer uma nota musical... ele montou uma banda e se tornou o Rimbaud do Rock- falei pra mim " também posso, sou poeta, tenho uma voz razoável, sei cantar, vivo cantando à capela pelos recitais que participo, vou arranjar uns músicos.” Passei a ouvir The Doors sem parar, ganhei de meu amigo poeta Mauricio Sales de Vasconcelos um livro que continha as letras de Jim em português de Portugal. Um dia, no Núcleo Experimental de Cultura, numa aula de teatro do professor Luiz Zaga,
minha mulher na época, a contista professora doutora em Letras Rosa Kapila, que era aluna desse curso. Eu ali vendo à aula, os candidatos a atores fazendo os exercícios dramáticos...num x momento, o professor Luiz Zaga me convidou para recitar um de meus poemas, aceitei o convite, subi ao palco e fiz minha poética rocker performance... todos bateram palmas... no final Luiz Zaga me disse que iria me apresentar seu filho Luiz Guilherme que era guitarrista, e que eu precisava de qualquer jeito conhecê-lo: o encontro aconteceu, era fim de ano antes do natal de 1987, Luiz Guilherme fora ver a última aula do curso de seu pai e eu estava escalado para participar fazendo o que sei fazer( eu não sabia que Luiz Guilherme estava presente). No final da festa, fomos apresentados: nasceu ali o embrião de tudo, acabava de conhecer um mestre, o cara que me ensinou os primeiros passos, que teve paciência de repetir mil vezes cada compasso, cada nota das canções que íamos gestando. Minha poesia, minha voz casava com perfeição com a habilidade de seus dedos loucos. A guitarra gemia linda nas mãos daquele menino de um metro e noventa. Logo arranjamos um baixista e um batera.
A primeira banda: “A QUINTA TROMBETA”, durou uma apresentação e essa apresentação foi no palco da antiga sala Vianinha que ficava num dos andares do Núcleo Experimental de Cultura ( NEC ). Na época Guilherme era muito conservador, ficava espantado com a minha liberdade, com meu jeito libertário, ficava preocupado com que as pessoas iriam pensar diante dos palavrões e dos gesto obscenos que eu amava. Brigamos no final da apresentação, acabou a banda, ficamos sem se falar por um bom tempo. A segunda banda “17 HORAS” : arranjei outros músicos, viajei, fiz várias apresentações com eles por universidades, ruas e praias. Terceira banda “AS CHAVES”: pelo caminho resolvi fazer uma homenagem ao querido The Doors e passei a chamar a banda de “As Chaves”.




"seja marginal, seja herói"


Muitos devem se perguntar:
"de onde veio esse tal de Edu Planchêz"?
E as respostas que estavam no vento caêm aqui no papel:
Edu Planchêz há muito que perambula pelo reino marginal, resistindo sob todas as borrascas intempéries. Lina Bombardi plasmou: "seja marginal, seja herói"
e ficar à margem é ficar longe do lugar comum, do piégas, da moda inultil utíl aos utilitários da especulação. A verídica arte não tem preço, se é ouro, de uma hora para a outra será descoberta, e é óbvio que a pessoa agente dessa arte precisa sair para as ruas, ir de encontro a cena, ao público e aos encenadores.
Distantes vão os meio-dias que esse poeta desistindo de um posto de funcionário público da Aeronáutica ganhou de assalto as praças desse país para bradar a nova voz, munido de penduricalhos e revôltas palavras. Com desejos de morte, com desejos de vida, seguiu esfolando o corpo e o cérebro. Em nome da nova voz fez amigos e inimigos, bateu em tua porta pedindo comida e sexo, evocou os bilhões de monstros ateus, mordeu o nariz desse Deus dos buracos, realizou milagres, sentou no colo dos demônios e dos que nunca cantam. Edu Planchêz mudou de nome passou a se chamar Silattian, plantou flores, arrancou flores, viu cem mil bois caminhando pelos céus sem precisar ir para o Arizona. Pediu caronas à barqueiros fantamas, esmolas aos vultos do nada, mendigou amor com seu diário selvagem debaixo do braço dizendo que possuía um pau de fogo entre as pernas...

EDU PLANCHÊZ

(Fragmento de "O arco e a Lira" de Octávio Paz.)Poesia e Poema


A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história, em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não-dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da Idéia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita,ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana!

Como não reconhecer em cada uma dessas fórmulas o poeta que as justifica e que, ao encarná-las, lhes dá vida? Expressões do algo vivido e padecido, não temos outro remédio senão aderirmos a elas - condenados a abandonar a primeira pela segunda e esta pela seguinte. Sua própria autenticidade mostra que a experiência que justifica cada um desses conceitos os transcende. Será preciso, portanto, interrogar os testemunhos diretos da experiência poética. A unidade da poesia só pode ser apreendida através do trato desnudo com o poema.

Perguntando ao poema pelo ser da poesia, não confundimos arbitrariamente poesia e poema? Já Aristóteles dizia que "nada há de comum, exceto a métrica, entre Homero o Empédocles; e por isso com justiça se chama de poeta o primeiro e de filósofo o segundo". E assim é: nem todo poema - ou, para sermos exatos, nem toda obra construída sob as leis da métrica - contém poesia. No entanto, essas obras métricas são verdadeiros poemas ou artefatos artísticos, didáticos ou retóricos? Um soneto não é um poema mas uma forma literária, exceto quando esse mecanismo retórico - estrofes, metros e rimas - foi tocado pela poesia. Há máquinas de rimar, mas não de poetizar. Por outro lado, há poesia sem poemas; paisagens, pessoas e fatos podem ser poéticos: são poesia sem ser poemas. Pois bem, quando a poesia acontece como uma condensação do acaso ou é uma cristalização de poderes e circunstâncias alheios à vontade criadora do poeta, estamos diante do poético. Quando - passivo ou ativo, acordado ou sonâmbulo - o poeta é o fio condutor e transformador da corrente poética, estamos na presença de algo radicalmente distinto: uma obra. Um poema é uma obra. A poesia se polariza, se congrega e se isola num produto humano: quadro, canção, tragédia. O poético é poesia em estado amorfo; o poema é criação, poesia que se ergue. Só no poema a poesia se recolhe e se revela plenamente. É lícito perguntar ao poema pelo ser da poesia, se deixamos de concebê-lo como uma forma capaz de se encher com qualquer conteúdo. O poema não é uma forma literária, mas o lugar do encontro entre a poesia e o homem. O poema é um organismo verbal que contém, suscita ou omite poesia. Forma e substância são a mesma coisa.

Mal desviamos os olhos do poético para fixá-los no poema,aparece-nos a multiplicidade de formas que assume esse ser que pensávamos único. Como nos apoderarmos da poesia se cada poema se mostra como algo diferente e irredutível? A ciência da literatura pretende reduzir a gêneros a vertiginosa pluralidade do poema. Por sua própria natureza, a pretensão padece de uma dupla insuficiência. Se reduzirmos a poesia a umas tantas formas - épicas, líricas, dramáticas -, o que faremos com os romances, os poemas em prosa e esses livros estranhos que se chamam Aurélia, Os cantos de Maldoror ou Nadja? Se aceitarmos todas as exceções e as formas intermediárias - decadentes, incultas ou proféticas -, a classificação se converterá num catálogo infinito. Todas as atividades verbais, para não abandonar o âmbito da linguagem, são susceptíveis de mudar de signo e se transformar em poemas: desde a interjeição até o discurso lógico. Não é essa a única limitação, nem a mais grave, das classificações da retórica. Classificar não é entender. E menos ainda compreender. Como todas as classificações, as nomenclaturas são instrumentos de trabalho. No entanto, são instrumentos que se tornam inúteis quando queremos empregá-los para tarefas mais sutis do que a simples ordenação externa. Grande parte da crítica consiste apenas nessa ingênua e abusiva aplicação das nomenclaturas tradicionais.

Uma censura semelhante deve ser feita às outras disciplinas que a crítica utiliza, da estilística à psicanálise. A primeira pretende dizer o que é um poema pelo estudo dos hábitos verbais do poeta. A segunda, pela interpretação de seus símbolos. O método estilístico tanto pode ser aplicado a Mallarmé como a uma porção de versos de almanaque. Isso também ocorre com as interpretações dos psicólogos, as biografias e outros estudos com que se tenta, e às vezes se consegue, explicar por que, como e para que se escreveu um poema. A retórica, a estilística, a sociologia, a psicologia e o resto das disciplinas literárias são imprescindíveis se queremos estudar uma obra, porém nada podem dizer acerca de sua natureza íntima.

A dispersão da poesia em mil formas heterogêneas poderia nos levar a construir um tipo ideal de poema. O resultado seria um monstro ou um fantasma. A poesia não é a soma de todos os poemas. Por si mesma, cada criação poética é uma unidade auto-suficiente. A parte é o todo. Cada poema é único, irredutível e irrepetível. Assim, nos sentimos inclinados a concordar com Ortega y Gasset: nada nos autoriza a designar com o mesmo nome objetos tão diversos como os sonetos de Quevedo,as fábulas de La Fontaine e o Cântico espiritual.

À primeira vista, essa diversidade se oferece, como filha da história. Cada língua e cada nação engendram a poesia que o momento e o sou gênio particular lhes ditam. O critério histórico, porém, não resolve, antes multiplica os problemas. No seio de cada período e de cada sociedade reina a mesma diversidade: Nerval e Hugo são contemporâneos, como o são Volázquez e Rubens, Valéry e Apollinaire. Se só por um abuso de linguagem aplicamos o mesmo nome aos poemas védicos e ao haiku japonês, não será também um abuso utilizarmos o mesmo substantivo para designar experiências tão diferentes como as de San Juan de la Cruz e seu indireto modelo profano, Garcilaso? A perspectiva histórica - conseqüência de nosso fatal distanciamento - nos leva a uniformizar paisagens ricas em antagonismos e contrastes. A distância nos faz esquecer as diferenças que separam Sófocles de Eurípedes, Tirso de Lope. E essas diferenças não são fruto das variações históricas, mas de algo muito mais sutil e impalpável: a pessoa humana. Assim, não é tanto a ciência histórica mas a biografia que poderia fornecer a chave da compreensão do poema. Aqui intervém novo obstáculo: dentro da produção de cada poeta, cada obra também é única, isolada e irredutível. A Galatéia ou A viagem de Parnaso não explicam o Dom Quixote; Ifigênia é substancialmente distinta de Fausto; Fuenteovejuna, da Dorotéia. Cada obra tem vida própria e as Éclogas não são a Eneida. Às vezes uma obra nega a outra: o "Prefácio" das poesias nunca publicadas de Lautréamont jorra uma luz equívoca sobre Os cantos de Maldoror; Uma temporada no inferno proclama loucura a alquimia do verbo de As iluminações. A história e a biografia podem dar a tonalidade de um período ou de uma vida, esboçar as fronteiras de uma obra e descrever, do exterior, a configuração de um estilo; também são capazes de esclarecer o sentido geral de uma tendência e até desentranhar o porquê e o como de um poema. Não podem, contudo, dizer e o que é um poema.

A única característica comum a todos os poemas consiste em serem obras, produtos humanos, como os quadros dos pintores e as cadeiras dos carpinteiros. No entanto, os poemas são obras de um feitio muito estranho: não há entre um e outro a relação de parentesco que de modo tão palpável se verifica com os instrumentos de trabalho. Técnica e criação, utensílio e poema são realidades distintas. A técnica é procedimento e vale na medida de sua eficácia, isto é, na medida em que é um procedimento susceptível de aplicação repetida: seu valor dura até que surja um novo processo. A técnica é repetição que se aperfeiçoa ou se degrada: é herança e mudança - o fuzil substitui o arco. A Eneida não substitui a Odisséia. Cada poema é um objeto único, criado por uma "técnica" que morre no instante mesmo da criação. A chamada "técnica poética" não é transmissível porque não é feita de receitas, mas de investigações que só servem para seu criador. É verdade que o estilo - compreendido como maneira comum de um grupo de artistas ou de uma época - confina com a técnica, tanto no sentido de herança e transformação, quanto na questão de ser procedimento coletivo. O estilo é o ponto de partida de todo projeto criador; por isso mesmo, todo artista aspira a transcender esse estilo comum ou histórico. Quando um poeta adquire um estilo, uma maneira, deixa de ser um poeta e se converte em construtor de artefatos literários. Chamar Góngora de poeta barroco pode ser verdadeiro sob o ponto de vista da história literária, mas não o é se queremos penetrar em sua poesia, que é sempre alguma coisa mais. É certo que os poemas de cordobês constituem o mais alto exemplo do estilo barroco, mas não será demasiado esquecer que as formas expressivas características de Góngora - isso que agora chamamos de seu estilo - de início foram apenas invenções, criações verbais inéditas, que só depois se converteram em comportamentos, hábitos e receitas? O poeta utiliza, adapta ou imita o fundo comum de sua época - isto é, o estilo de seu tempo -, porém modifica todos esses materiais e realiza uma obra única. As melhores imagens de Góngora - como foi admiravelmente mostrado por Dámaso Alonso - provém justamente de sua capacidade de transfigurar a linguagem literária de seus antecessores e contemporâneos. Às vezes, claro, o poeta é vencido pelo estilo. (Um estilo que nunca é seu mas de seu tempo - o poeta não tem estilo.) Então a imagem fracassada se torna bem comum, despojo para os futuros historiadores e filólogos. Com tais pedras e outras semelhantes constroem-se esses edifícios que a história chama de estilos artísticos.

Não quero negar a existência dos estilos. Tampouco afirmo que o poeta cria a partir do nada. Como todos os poetas, Góngora se apóia numa linguagem. Essa linguagem era algo mais preciso e radical do que a fala - uma linguagem literária, um estilo. Contudo, o poeta cordobês transcende essa linguagem. Melhor dizendo, transforma-a em atos poéticos sem repetição: imagens, cores, ritmos, visões - poemas. Góngora transcende o estilo barroco; Garcilaso, o toscano; Rubén Darío, o modernista. O poeta se alimenta de estilos. Sem eles não haveria poemas. Os estilos nascem, crescem e morrem. Os poemas permanecem, e cada um deles constitui uma unidade auto-suficiente, um exemplar isolado, que não se repetirá jamais.

O caráter irrepetível e único do poema é compartilhado por outras obras: quadros, esculturas, sonatas, danças, monumentos. A todas elas é aplicável a distinção entre poema e utensílio, estilo e criação. Para Aristóteles a pintura, a escultura, a música e a dança também são formas poéticas, tal como a tragédia e a épica. Daí que, ao falar da ausência de caracteres morais na poesia de seus contemporâneos, cite como exemplo dessa omissão o pintor Zêuxis e não um poeta trágico. Com efeito, acima das diferenças que separam um quadro de um hino, uma sinfonia de uma tragédia, há neles um elemento criador que os faz girar no mesmo universo. Uma tela, uma escultura, uma dança são, à sua maneira, poemas. E essa maneira não é muito diferente da do poema feito de palavras. A diversidade das artes não impede sua unidade. Ao contrário, destaca-a.



As diferenças entre palavra, som e cor fizeram duvidar da unidade essencial das artes. O poema é feito de palavras, seres equívocos que, se são cor e som, também são significado; o quadro e a sonata são compostos de elementos mais simples - formas, notas e cores que em si nada significam. As artes plásticas e sonoras partem da não-significação; o poema, organismo anfíbio, parte da palavra, ser significante. Essa distinção me parece mais sutil do que verdadeira. Cores e sons também possuem sentido. Não é sem razão que os críticos falam de linguagens plásticas e musicais. E antes que essas expressões fossem usadas pelos entendidos, o povo conheceu e praticou a linguagem das cores, dos sons e dos sinais. É desnecessário, por conseguinte, nos determos nas insígnias, emblemas, toques, chamadas e outras formas de comunicação não verbal empregadas por certos grupos. Em todas elas o significado é inseparável de suas qualidades plásticas ou sonoras.

Em muitos casos, cores e sons possuem maior capacidade evocativa do que a fala. Entre os astecas a cor negra estava associada à obscuridade, ao frio, à seca, à guerra e à morte. Também se relacionava com certos deuses: Tezcatlipoca, Mixcóatl; a um espaço: o norte; a um tempo: Técpatl; ao sílex; à lua; à águia. Pintar alguma coisa de negro era como dizer ou invocar todas essas representações. Cada uma das quatro cores significava um espaço, um tempo, uns deuses, uns astros e um destino. Nascia-se sob e signo de uma cor, como os cristãos nascem sob a proteção de um santo padroeiro. Talvez não seja desnecessário acrescentar outro exemplo: a função dual de ritmo na antiga civilização chinesa. Cada vez que se tenta explicar as noções de Yin e Yang - os dois ritmos alternativos que formam o Tao -, recorre-se a termos musicais. Concepção rítmica do cosmo, o par Yin e Yang é filosofia e religião, dança e música, movimento rítmico impregnado de sentido. Do mesmo modo, não é abuso da linguagem figurada, mas alusão ao poder significante do som, o emprego de expressões como harmonia, ritmo ou contraponto para qualificar as ações humanas. Todo mundo usa esses vocábulos, sabendo que possuem sentido, difusa intencionalidade. Não há cores nem sons em si, desprovidos de significação: tocados pela mão do homem, mudam de natureza e penetram no mundo das obras. E todas as obras desembocam na significação; aquilo que o homem toca se tinge de intencionalidade: é um ir em direção a... O mundo do homem é o mundo do sentido. Tolera a ambigüidade, a contradição, a loucura ou a confusão, não a carência de sentido. O próprio silêncio está povoado de signos. Assim, a disposição dos edifícios e suas proporções obedecem a uma certa intenção. Não carecem de sentido - pode-se dizer, com mais precisão, o contrário - o impulso vertical de gótico, o equilíbrio tenso do templo grego, a redondeza da estupa budista ou a vegetação erótica que cobre os muros dos santuários de Orissa. Tudo é linguagem.

As diferenças entre o idioma falado ou escrito e os outros - plásticos ou musicais - são muito profundas; não tanto, porém, que nos façam esquecer que todos são, essencialmente, linguagem: sistemas expressivos dotados de poder significativo e comunicativo. Pintores, músicos, arquitetos, escultores e outros artistas não usam como materiais de composição elementos radicalmente distintos dos que emprega o poeta. Suas linguagens são diferentes, mas são linguagem. E é mais fácil traduzir os poemas astecas em seus equivalentes arquitetônicos e escultóricos do que na língua espanhola. Os textos do tantrismo ou a poesia erótica Kavya falam o mesmo idioma das esculturas de Konarak. A linguagem do Primero sueño de Sor Juana não é muito diferente da linguagem do Sagrario Metropolitano da Cidade do México. A pintura surrealista está mais próxima da poesia desse movimento que da pintura cubista. Afirmar que é impossível escapar do sentido equivale a encerrar todas as obras - artísticas ou técnicas - no universo nivelador da história. Como encontrar um sentido que não seja histórico? Nem por seus materiais nem por seus significados as obras transcendem o homem. Todas são "um para" e "um em direção a" que desembocam num homem concreto, que por sua vez só alcança significação dentro de uma história precisa. Moral, filosofia, costumes, artes, tudo, enfim, que constitui a expressão de um determinado período, participa do que chamamos estilo. Todo estilo é histórico e todos os produtos de uma época, desde seus utensílios mais simples até suas obras mais desinteressadas, estão impregnados de história, isto é, de estilo. No entanto, essas afinidades e parentescos cobram diferenças específicas. No interior de um estilo é possível descobrir o que separa um poema de um tratado em verso, um quadro de uma estampa didática, um móvel de uma escultura. Esse elemento distintivo é a poesia. Só ela pode mostrar a diferença entre criação e estilo, obra de arte e utensílio.

Qualquer que seja sua atividade e profissão, artista ou artesão, o homem transforma a matéria-prima: cores, pedras, metais, palavras. A operação transmutadora consiste no seguinte: os materiais abandonam o mundo cego da natureza para ingressar no das obras, isto é, no mundo das significações. O que ocorre então com a matéria pedra empregada pelo homem para esculpir uma estátua e construir uma escada? Ainda que a pedra da estátua não seja diferente da pedra da escada, e ambas sejam referentes a um mesmo sistema de significações (por exemplo: as duas fazem parte de uma igreja medieval), a transformação que a pedra sofreu na escultura é de natureza diversa da que a converteu em escada. O destino da linguagem nas mãos de prosadores e poetas nos faz vislumbrar e sentido dessa diferença.

A forma mais alta da prosa é o discurso, no sentido estrito dessa palavra. No discurso as palavras aspiram a se constituir em significado unívoco. Esse trabalho implica reflexão e análise. Ao mesmo tempo introduz um ideal inatingível, já que a palavra se nega a ser mero conceito, significado sem outra coisa mais. Cada palavra - à parte suas propriedades físicas - encerra uma pluralidade de sentidos. Assim, a atividade do prosador se exerce contra a natureza própria da palavra. Não é certo, portanto, que Monsieur Jourdan falasse em prosa sem o saber. Alfonso Reyes observa com exatidão que não se pode falar em prosa sem que se tenha consciência do que se diz. Inclusive, pode-se acrescentar que não se fala a prosa: escreve-se. A linguagem falada está mais perto da poesia que da prosa; é menos reflexiva e mais natural, e daí ser mais fácil ser poeta sem o saber do que prosador. Na prosa a palavra tende a se identificar com um dos seus possíveis significados, à custa dos outros: ao pão, pão; e ao vinho, vinho. Essa operação é de caráter analítico e não se realiza sem violência, já que a palavra possui vários significados latentes, tem uma certa potencialidade de direções e sentidos. O poeta, em contrapartida, jamais atenta contra a ambigüidade do vocábulo. No poema a linguagem recupera sua originalidade primitiva, mutilada pela redução que lhe impõem a prosa e a fala cotidiana. A reconquista de sua natureza é total e afeta os valores sonoros e plásticos tanto como os valores significativos. A palavra, finalmente em liberdade, mostra todas as suas entranhas, todos os seus sentidos e alusões, como um fruto maduro ou como um foguete no momento de explodir no céu. O poeta põe em liberdade sua matéria. O prosador aprisiona-a.

Assim também ocorre com formas, sons e cores. A pedra triunfa na escultura, humilha-se na escada. A cor resplandece no quadro; o movimento, no corpo, na dança. A matéria, vencida ou deformada no utensílio, recupera seu esplendor na obra de arte. A operação poética é de signo contrário a manipulação técnica. Graças à primeira, a matéria reconquista sua natureza: a cor é mais cor, o som é plenamente som. Na criação poética não há vitória sobre a matéria ou sobre os instrumentos, como quer uma vã estética de artesãos, mas um colocar em liberdade a matéria. Palavras, sons, cores a outros materiais sofrem uma transmutação mal ingressam no círculo da poesia. Sem deixarem de ser instrumentos de significação e de comunicação, convertem-se em "outra coisa". Essa mudança - ao contrário do que ocorre na técnica - não consiste em abandonar sua natureza original, mas em voltar a ela. Ser "outra coisa" quer dizer ser a "mesma coisa": a coisa mesma, aquilo que real e primitivamente são.

"O Arco e a Lira" de Octavio Paz