01/10/2008


O SOL NASCENDO NO LEBLOM diante de meus olhos, de minhas lentes...
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------


Uma vela de palavras



A primeira letra da palavra planta
é a primeira e a antepenúltima da palavra papel

Falar de letras e de seus respectivos lugares numa palavra aparenta ser assunto descabido

Letras esparramadas
sobre os cílios das estrelas de vinte pontas
O que dizer delas? ( as estrelas )
O que dizer quando nada deve ser dito?

Escrever para não ser publicado
no Caderno B e na Folha Ilustrada,
apenas para nos embalos da internet mover-se

Você que ora é tocado por esses símbolos do comunicar,
sáiba que vivo cantando a Lapa,
seus heróis,lendas e histórias
Abri mão de inúmeros privilégios para em meio aos malandros seduzir os girassóis

O Rio de Janeiro é tão perto,
poderá alçá-lo estendendo sobre os mastros do corpo
uma vela de palavras

EDU PLANCHEZ

--------------------------------------------------------------------------------
Meus rins conclamam o exercito de mágicos!

As frutas que apodrecem antes de amadurecerem
engrossam a esquadra dos assassinos

A encardida nuvem cobre a cidade
tornando ruas e praias
ninhos de vermes,
pátrias intransitáveis,
sítios alagadiços

Meus rins conclamam o exercito de mágicos!

Está escrito no mar uma cidade sem fronteiras
de mulheres e homens
de cabeçorras privilegiadas
construtoras de navios e salinas

Os habitantes da "Maravilhosa"
colhem no lume dos tijolos
o humo para arquitetar os novos monumentos

Meus rins conclamam o exercito de mágicos!

A esquadra de assassinos
possue musculos e ossos,
nascimento, velhice, doença e morte

Tempo soprado pelos lábios de Allen Ginsberg,
vos pergunto,
em que terra descança as ossadas de Átila ( rei dos Unos)?

Meus rins conclamam o exercito de mágicos!

Somente por meio de símbolos
posso indicar os passos que levam aos portais
Somente beijando teus lábios

Meus rins conclamam o exercito de mágicos!

Rio, janeiro de 2007

EDU PLANCHÊZ

--------------------------------------------------------------------------------


NO SOLO DA REALESA



Nos solo da realesa

o leão q fugiu da jaula impera,

ele é o alaúde das origens



Sempre esteve ( o felino)

nas dobraduras do papel,

fora escrito naquele papel a epopéia

de mundos imaginários



Os mundos imaginários

nascem no observar das pinturas

gestadas pelos ancestrais



Foi assim q nasceu o cinema,

dos jogos das sombras,

dos tambores ritualescos,

do canto esfumaçado fazendo imagens

sombras,

nas costas do fogo,

no peito dos homens,

no ventre volátio das feiticeiras dançantes

EDU PLANCHÊZ


--------------------------------------------------------------------------------

A CAMA DOS PÁSSAROS MERGULHADORES


Sentados(eu e meu filho)no beiral Ipanema do continente,
simples marines sem fardas observando o mundo das espumas se espatifar
sobre o reinado verde marrom dos mariscos

Deitados nos nervos do sol
guardado pelas pedras(eu e meu menino)
passageiros da filosofia
descobrindo a alegria de comer (com areia)
pão francês agraciado pelo queijo minas

Nem havia sol 49° para nos fundir
mesmo assim reluzimos os guizos de nossos corpos
tomando do mar o horizonte e as ilhotas
que penso serem a cama
dos pássaros mergulhadores

jan 2005- Rio

(edu planchez)


______________________



19- O LIVRO

"Os beijos das estrelas chovem sobre seu corpo".
( Aleister Crowley)
(Ao meu irmão Marco Antônio)


Os fios que cobrem o tecido do braço são feitos de perfumes
Creia que o meu e seu corpo hospedam bilhões de florestas

A confiança nos levara ao trono dos pássaros
e você poderá dizer
que o meu e o seu cabelo servem de ninhos
para os celestiais depositarem os ovos

Apesar das ruas andarem turvas,
trafega com vossas luzes por cada rosto
Os que conhecem o espírito do frio
poderão encaixar o sol nos furos do vento
e nas cavidades do olhar

Encontra no gato um antigo irmão
e no cachorro a voz de nossas mães

Filhos e filhas da Grã-Sonata! Reais minérios, a liga,
ponte que nos ata ao dom delirante dos caramujos
Dizer que o galo vermelho anda solto na voz da mulher de negro,
é afirmar aquilo que os lábios de Raul Seixas espalhou
por nossos braços e costelas

maio 2004


(Edu Planchez)


____________________________________________________



ESSE ESCRITOR NÃO PATINA EM LÂMINAS DE AREIA
(à Rosa Kapila e à José Saramago)


O escritor assume a forma tubular da caneta
e não escreve nomes e escreve todos os nomes sem precisar escrever

Em noite de vitória do time do Fluminense sobre o do Goiás
o escritor inventa a sombra e o filme
com a intenção de esticar os ponteiros
até o olho beber o líquido cristal
que imprime sons nas glândulas do sono

Orgulhoso de seu talento,
desordena idéias, estraçalha palavras, desorienta frases
O escritor faz das letras a espada e corta o pão de chumbo
Essa espada é a ferramenta que ele toma desse tempo
para descompor a mesa de sua passagem

O escritor assume a forma tubular da caneta
e não escreve nomes e escreve todos os nomes sem precisar escrever

No sangue há insegurança,
ele não lhe dá ouvidos,
esse é o seu momento,
esse escritor não patina em lâminas de areia


(Edu Planchez)




--------------------------------------------------------------------------------

O PAU DURO CONTEMPLANDO O GRELO ENCARNADO
É UM RELÂMPAGO DEVASTADOR
(A porta se abre com a fúria do sopro sinfônico)

(à Maria Pintora Frida de São Luís )


Os casais adoecem de tanto brigar, inglória atitude,
impotência, morbidez injusta, cegueira, falta de tesão, pica inútil,
xereca vazia, caralho que nunca vê o sol,
buceta arreganhada para nada

Minha poesia adora ver a porra encandecente transbordar
o canal da vagina, o útero, o ventre, a boca, o anus
e escorrer sem parar pelas coxas gargantas
até o sul da criança rubi

Foder até a foda se tornar um livro de histórias
Foder até o fim das guerras idiotas

O pau duro contemplando o grelo encarnado
é um relâmpago devastador

Pablo Picaso dorme nu sobre a sombra das tintas
de suas mulheres toreadas
A lança que não fura o boi atravessa as bolhas
que se formam nas camadas tênues
da geométrica vontade

Rei e Rainhas brincando de brincar
diante da porta do templo da gestação

A porta se abre com a fúria do sopro sinfônico
A porta se abre para espalhar o pigmento
do fascínio ensurdecedor

(Edu Planchez)

_______________________________________________


17- DIANTE DO FURACÃO QUE CRIAMOS O MUNDO É MENOR
QUE UMA CABEÇA DE ALFINETE CORTADA PELA METADE


Meu verbo soterra o pássaro fedorento do velho
Já não há dicionário para esses monstros dormirem
Que a carapuça do saci sonolento seja desatarraxada
da tua cabeça parafuso sem rosca

Meu verbo arreganha as mãos para pegar teu samba estilhaçado
para no mistério da noite carioca arrombar as ruas,
ir até o mar de todos os manjares...
para viver nos versos de Ana Cristina Cesar
sem esboçar nenhum arrependimento

Diante do furacão que criamos o mundo é menor
que uma cabeça de alfinete cortada pela metade

O verbo que sai da minha bolota vermelha transcreve
inúmeras vezes o que as tradições orais nos legaram
para no centro do verão maior torcer o eixo
da luz que você me lança
até a água das nossas andanças tornar-se mineral

(Edu Planchez)



--------------------------------------------------------------------------------

PARA A PEQUENA GRANDE MARILZA MORRER NASCER


“É preciso que abramos clareiras no matagal que esconde o nosso passado”

O suco do milho roxo mexicano caminha
no éter das naves vistas por Ezequiel...
rabisca os céus de todo o continente...
circulando pelas espirais fantasmas...
para em minha caneca de ágata ser a bebida...
para nos tonéis das indagações provocar tragédias intransitivas...

“É preciso que abramos clareiras no matagal que esconde o nosso passado”

Fantasma Deus dos buracos,
eu te destroço decantando suas vísceras vazias
Eu sou a resposta
Abaixo venham todos os totens erguidos para nos subjugar
Ovelha aqui, é o meu lanche

“É preciso que abramos clareiras no matagal que esconde o nosso passado”

O espaço de um poema é minuto para revelar a dimensão estrondosa
das mentiras acatadas como verdades
Perguntar ao fígado quem inventou o conceito
de um ser onipresente que manipula os viventes:
metralhar esse assassino com chuvas histéricas

“É preciso que abramos clareiras no matagal que esconde o nosso passado”

Possuir nada mais que um bilhão e meio de grandiosos livros
entranhados na cachola
respeitando o vizinho e o “chamado selvagem”

(Edu PlanchÊz)



--------------------------------------------------------------------------------

CONSTRUTORES DE CABEÇAS

A natureza se vinga,
gesta o vento de cem mil pés,
arrasta duas mil cidades por segundo

A onda gigante come as pernas e os braços dos continentes
E aquele que apodrece o céu, o mar e a terra
clama inocência

Caixões feitos de dinheiro
cobrem os vastos campos
Minhas lágrimas não irão secar
junto com as nascentes

Tempo de desespero de planetas e homens,
o tiro saiu pela culatra,
nada tem detido a avalanche,
nem deuses, nem internautas

Sou poeta, homem de fé inquebrável,
cavalheiro de infinita esperança
Como Bob Dylan e outros construtores de cabeças
ergo taças de sangue
atirando dardos de coragem
aos que estão perdendo a batalha

O poeta príncipe de metal
acorrenta os cães
dos dentes de estricnina a sua cintura,
arranca do pâncreas das águas o tumor

Ele, o Rei de marfim, sustenta congressos de sóis
nos corredores do intenso
e espalha especiarias orgânicas
dizendo aos seus irmãos que façam o mesmo

Orquídeas imensuráveis precipitam-se
dos furos das pedras e das cavidades vermelhas
alargando pétalas sobre os corpos
das estrelas que esqueceram que são estrelas

(Edu Planchez)



--------------------------------------------------------------------------------

Videntes e Sonambulos



Vidente e Sonambulos

caminham por dentro da tromba do elefante

que sustente o Globo



Eu na ála laranja da casa dos escritores( estraordinários)

cosendo com as linhas do vendaval

as barras dos livros



Videntes e Sonambulos

dormitam no fundo da garrafa

de letras líquidas



Eu no átrio sem cor

da caixa de sapatos do homem louco

roçando a cabeça

nas engrenagens do relógio de areia



Videntes e Sonambulos

se encontram no meio do oceano Pacífico dos Homens Pássaros

a três mil quilômetros do continente

EDU PLANCHÊZ




--------------------------------------------------------------------------------

MAÇAS & URTIGAS



Esperando a maçã rolar

entrando vermelha

nas urtigas do poema



É a revolta dos cantores e das canções,

dos atores e das pilastras do teatro



Tudo se revolta

quando ligo os descontroles,

a veia torta da cabeça,

a árvore articulada que é restante do corpo



edu planchêz

Nenhum comentário: