10/10/2008

DAILOR VARELA






Andando pelo início da Avenida Nove de Julho até a Vila Ema, no Jardim Esplanada, em São José dos Campos, não será difícil passar em frente a uma infinidades de clínicas médicas que “tratam” das mais doenças.

Locais sofisticados com vidro fumê, atendentes bonitas e sorridentes que mais parecem trabalhar em charmosos clubes de lazer. Uma medicina para a bem sucedida elite que pode pagar altos preços, obviamente, ou possuidores de caros planos de saúde (um assunto que já deu muito o que falar). Enquanto isso, a espera de um bom atendimento, o povão enfrenta as filas intermináveis do SUS, ironicamente ainda considerando bom em São José.

Vá, por exemplo, ser atendido pelo SUS, no Rio de Janeiro, ai sim irá conhecer o inferno ao vivo e a cores.

Estamos falando da intocável e rica máfia de branco que comanda a medicina em São José dos Campos e no resto do país. Os médicos se transformaram em elegantes executivos, em prestadores de serviços, esqueceram o Juramento de Hipócrates nalguma lata de lixo.

Alguns cometeram e cometem terríveis erros e nada acontece, graças a lentidão da Justiça, onde as falhas acabam arquivadas, isso sem generalizar, há profissionais competentes. Em meio à desumanidade e o enorme mercantilismo, a figura do médico de família que atendia gerações desapareceu.

Noutro dia fui me consultar e o médico sequer me tocou, passou todo o tempo diante de um computador, para, em seguida, rapidamente me entregar uma receita que rasguei na saída. Ali não volto mais. O mesmo aconteceu com a minha filha, um certo ginecologista simplesmente atendeu-a de longe.

Formar-se em Medicina atualmente é fácil. As faculdades aí estão aos montes, brotam, comercialmente, nos mais longínquos rincões desse país, hoje em dia não dá mais um grande futuro formar-se médico no Brasil.

Conheço alguns jovens que se sacrificam muito, trabalham demasiadamente para obter uma renda mensal alta, são cruéis com eles próprios, imaginem conosco, com a população no geral.

Por absurdo que pareça, esses médicos condicionaram suas existências ao vil metal, querendo ganhar cada vez mais.

Já dizia Nelson Rodrigues, se alguma pessoa estiver com câncer e possuir recursos financeiros certamente conseguirá um tratamento, ainda que seja no exterior, e certamente sobreviverá. Já um miserável usuário do sistema público de saúde vai terminar perecendo da doença e da humilhação nas filas de espera.

A vida humana se transformou numa mercadoria apenas, e isso é algo considerado “normal” na sociedade em que vivemos. Ou não?

Leia mais Dailor Varela no jornal O Grito - São José dos Campos.

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(*) Dailor Varela é jornalista

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