05/10/2008
Parte 1-
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"Eis que a partir daí eu me banhei no Poema
Do Mar que, latescente e infuso de astros..."
(Rimbaud)
COMO ENTREI PARA O ROCK
Caiu em minhas ásperas delicadas mãos uma biografia intitulada "Daqui ninguém sai vivo", porra, era a biografia do sáurio Jim Morrison e eu ali faminto, cheio de sede querendo gerar algo melhor que uma punheta, uma buceta e um baseado. Fui lendo aquela história, aquela vida entrando em mim, dizendo que deveria cantar porque Jim Morrison era um vagabundo que nem eu e não sabia sequer uma nota musical... ele montou uma banda e se tornou o Rimbaud do Rock- falei pra mim " também posso, sou poeta, tenho uma voz razoável, sei cantar, vivo cantando à capela pelos recitais que participo, vou arranjar uns músicos.” Passei a ouvir The Doors sem parar, ganhei de meu amigo poeta Mauricio Sales de Vasconcelos um livro que continha as letras de Jim em português de Portugal. Um dia, no Núcleo Experimental de Cultura, numa aula de teatro do professor Luiz Zaga,
minha mulher na época, a contista professora doutora em Letras Rosa Kapila, que era aluna desse curso. Eu ali vendo à aula, os candidatos a atores fazendo os exercícios dramáticos...num x momento, o professor Luiz Zaga me convidou para recitar um de meus poemas, aceitei o convite, subi ao palco e fiz minha poética rocker performance... todos bateram palmas... no final Luiz Zaga me disse que iria me apresentar seu filho Luiz Guilherme que era guitarrista, e que eu precisava de qualquer jeito conhecê-lo: o encontro aconteceu, era fim de ano antes do natal de 1987, Luiz Guilherme fora ver a última aula do curso de seu pai e eu estava escalado para participar fazendo o que sei fazer( eu não sabia que Luiz Guilherme estava presente). No final da festa, fomos apresentados: nasceu ali o embrião de tudo, acabava de conhecer um mestre, o cara que me ensinou os primeiros passos, que teve paciência de repetir mil vezes cada compasso, cada nota das canções que íamos gestando. Minha poesia, minha voz casava com perfeição com a habilidade de seus dedos loucos. A guitarra gemia linda nas mãos daquele menino de um metro e noventa. Logo arranjamos um baixista e um batera.
A primeira banda: “A QUINTA TROMBETA”, durou uma apresentação e essa apresentação foi no palco da antiga sala Vianinha que ficava num dos andares do Núcleo Experimental de Cultura ( NEC ). Na época Guilherme era muito conservador, ficava espantado com a minha liberdade, com meu jeito libertário, ficava preocupado com que as pessoas iriam pensar diante dos palavrões e dos gesto obscenos que eu amava. Brigamos no final da apresentação, acabou a banda, ficamos sem se falar por um bom tempo. A segunda banda “17 HORAS” : arranjei outros músicos, viajei, fiz várias apresentações com eles por universidades, ruas e praias. Terceira banda “AS CHAVES”: pelo caminho resolvi fazer uma homenagem ao querido The Doors e passei a chamar a banda de “As Chaves”.
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